A Quinta Slow de Março

Texto de Maria Cristina Vannucchi Leme/ Fotos: Roberta Sá

Para a mesa que vai ser posta

Para você o que você gosta: diariamente.

(Nando Reis, Diariamente)

Cozinha é um lugar meio sagrado. Cozinha dos outros, então, nem se fala! Fomos chegando cautelosas, temerosas até. Medo de errar a mão, exagerar no sal, deixar passar do ponto. Eu repetia pra mim mesma: “não somos chefs, somos donas-de-casa”. A ansiedade era muita. Desta vez não eram os filhos que voltavam famintos da escola ou o marido impaciente, reclamando o jantar. Agora eram os clientes! E também, e principalmente, os amigos-convidados-queridos que aguardavam a comida. Nossa reputação estava em jogo! Medo besta! Fomos recebidas com sorrisos e o espaço franqueado, à nossa disposição. Os ajudantes colocados para nos auxiliar. E num piscar de olhos as verduras estavam lavadinhas, o cheiro-verde picado (e era um montão!) e o queijo ralado (e era dos duros!). Toda dona-de-casa deve sonhar com ajudantes assim.

Para beber uma coca: drops

Para ferver uma sopa: graus

(Nando Reis)

Numa cozinha de restaurante tudo é superdimensionado: as panelas, os barulhos, a quantidade de louça, o calor, o tamanho dos jilós… Sem um ajudante forçudo eu jamais teria conseguido manusear a panelona onde cozinhava o arroz para os bolinhos. (aliás, acho que daria para eu tomar banho numa panela daquelas). Sem o ajudante jeitoso não seria possível manejar o forno onde assavam as costelinhas (daria para assar um fusca nele!) ou mexer vigorosamente o mingau de milho verde. Ah! Sem eles não teríamos conseguido alimentar os cerca de 80 comensais presentes, sendo que apenas 35 tinham feito reserva. Depois da hora do rush na cozinha, da correria, do calorão, da aflição de ter uma verdadeira linha de montagem de saladas, bolinhos, interregno com a refrescância do sorbê, pratos principais, sobremesas, enfim a calma foi se restabelecendo.

Para todas as coisas: dicionário

Para que fiquem prontas: paciência.

(Nando Reis)

Saciada a fome dos outros, ficamos mais relaxadas, com a sensação de tarefa cumprida. Lamento apenas pelo copo de vinho que me foi oferecido e não bebi por medo de salgar os bolinhos. Medo besta.

  


A Quinta Slow é um momento de convivência dos associados e simpatizantes do Slow Food Cerrado. É aberta a todos que desejam participar de nossas atividades e discussões, e acontece toda primeira quinta-feira de cada mês no Restaurante Panelinha. Na Quinta Slow de Março inauguramos uma nova atividade – Slow Chef da Vez, que foi gloriosamente realizada pelas convivas Cristina, Nilcéia e Cida.

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