‘Alimentos Bons, Limpos e Justos’: curso de capacitação de multiplicadores da Arca do Gosto articulação de novas Fortalezas Slow Food

O projeto “Alimentos Bons, Limpos e Justos: Ampliação e Qualificação da Participação da Agricultura Familiar Brasileira no Movimento Slow Food” é uma parceria entre Slow Food, Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e financiado pela Secretaria Especial de Agricultura Familiar e Desenvolvimento Agrário (SEAD). Com duração de dois anos, o projeto tem por objetivo fortalecer a agricultura familiar a partir das diretrizes, princípios e ações do movimento Slow Food, como a inserção de produtos na Arca do Gosto, o fortalecimento da rede de Comunidades do Alimento, a articulação de novas Fortalezas Slow Food e de redes de comercialização, formação de jovens rurais em ecogastronomia, contando com a colaboração de uma rede de universidades de todo o país e especialistas de diferentes áreas do conhecimento.

Como parte do projeto e com o apoio do cineasta André Villas-Bôas, da DoDesign Brasil, do selo Garganta Records e da YB Music, a Associação Slow Food do Brasil e a Universidade Federal de Santa Catarina elaboraram um curso à distância de capacitação para multiplicadores da Arca do Gosto, catálogo mundial de alimentos em risco de desaparecimento biológico ou cultural, caso da galinha-canela-preta, o queijo manteiga do norte, o mel de abelha mandaçaia-da-Caatinga, e frutas como o cambucá, o mapati e a guavira. Este curso foi estruturado em cinco aulas, facilitadas por Jerônimo Villas-Bôas, que contabilizaram uma carga horária de 20 horas. Cada aula tem um vídeo de 3 minutos de apresentação do conteúdo, um material de apoio além de um material complementar. Os textos e cartilhas foram elaborados pelo próprio Slow Food e por instituições como ISA, ISPN, Cerratinga e Giramundo Mutuando e foi disponibilizado na plataforma Moodle através da UFSC, contabilizando mais de 600 inscritos.

A dinâmica proposta foi assistir ao vídeo de apresentação, fazer a leitura do material, responder as enquetes e participar de um fórum de conteúdo referente a cada aula, onde membros da Universidade e da Associação Slow Food estavam à disposição para dúvidas. Durante o fórum, aconteceram questionamentos muito interessantes que possibilitaram aos participantes um maior entendimento sobre a Arca do Gosto. O último encontro  aconteceu no dia 18 de abril e encerrou as atividades com uma teleconferência. O curso fornecerá certificados de participação para aqueles que corresponderam às propostas e indicaram uma candidatura para um novo produto na Arca do Gosto.

Essa atividade tem como objetivo sensibilizar os participantes para as questões relativas ao universo da sociobiodiversidade alimentar, além de capacitar atores estratégicos – como técnicos e agricultores – para a identificação de potenciais produtos  a serem inseridos na Arca do Gosto.

Outro objetivo do Projeto é a articulação de 21 Fortalezas Slow Food, entre novas e existentes, que colabora para que agricultores familiares, extrativistas e pescadores encontrem caminhos para resolver suas dificuldades, potencializando suas produções e conectando-os com mercados alternativos, de forma coletiva e aprofundada. Dos seis biomas brasileiros, quatro foram abarcados, são eles: Amazônia, Cerrado, Caatinga e Mata Atlântica. As Fortalezas incluem espécies vegetais, como frutas e sementes, animais, como ostras, e produtos artesanais, como queijos, farinhas e meles. São exemplos, em fase de articulação, a Fortaleza do Cacau Cabruca do Sul da Bahia e a do Butiá do Litoral Catarinense. O Projeto também dialogou na consolidação de Fortalezas já existentes, caso do Waraná Sateré-Mawé e do Pinhão da Serra Catarinense.  

Todas as Fortalezas passaram por um processo de capacitação técnica que foi definida através da análise de Forças, Oportunidades, Fraquezas e Ameaças (FOFA).  Agroecologia, bem estar animal, associativismo e cooperativismo, economia solidária e formação de preço, embalagem, certificação participativa e boas práticas de beneficiamento foram alguns dos temas tratados nas capacitações técnicas.  Estas aconteceram através de cursos de 16 horas em cada Fortaleza, além de 24 horas de atividades divididas em prática no campo e construção coletiva efetiva de um protocolo de produção que aconteceu de forma participativa envolvendo os membros das Fortalezas, com apoio de agrônomos, veterinários locais e a equipe do projeto. Atualmente, está sendo realizado um levantamento sobre a oferta de produtos das Fortalezas, e demanda desses produtos junto a cozinheiros, células de consumo, convívios Slow Food, armazéns e mercados. A etapa final do processo será a realização de quatro seminários regionais de comercialização para aproximação entre os diferentes elos da cadeia, envolvendo Fortalezas Slow Food e consumidores na construção de construção de redes e de mercados.

 

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