Sequilho

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O sequilho é um biscoito doce feito com amido de mandioca ou de araruta, conhecido também como biscoito de goma, bolacha de goma ou de polvilho. É um alimento bastante difundido no Nordeste, nas regiões onde a mandioca é a base da cultura alimentar local, assim como em algumas localidades de Minas Gerais. Sua produção é predominantemente artesanal, realizada especialmente em períodos festivos no Ceará e em Pernambuco, sendo importante para a geração de renda de muitas famílias. 

O preparo tradicional começa na colheita da mandioca ou da araruta e seu processamento para produção da goma (o mesmo que fécula ou polvilho), que é misturada com açúcar, manteiga, ovos e, às vezes, leite de coco e uma pitada de sal, até formar uma massa lisa e homogênea. Os biscoitos são moldados e “riscados” com o auxílio de um garfo ou outro instrumento; em seguida colocados em uma assadeira untada e colocá-los para assar alguns minutos, até ficarem dourados por baixo e brancos por cima. O preparo original sempre incluiu o uso dos fornos de barro.

Os sequilhos têm um papel importante durante as celebrações religiosas que evocam os ensinamentos do Padre Cícero na região da Chapada do Araripe (entre Pernambuco e Ceará), conhecidas como “Renovação” (Consagração das Famílias ao Sagrado Coração de Jesus). A preparação da festa é um momento fundamental dessa tradição, que envolve a produção dos sequilhos (desde a colheita da mandioca até o cozimento nos fornos de barro) e o preparo da casa que receberá os convidados, com a renovação da pintura e a ornamentação. Durante a comemoração, os sequilhos são distribuídos junto com o aluá, uma bebida fermentada tradicional, a base de milho, rapadura e, eventualmente, abacaxi.  

Nos últimos anos, os costumes que envolvem sua preparação vêm desaparecendo. O produto vem sendo substituído por biscoitos industrializados e algumas famílias adotaram o refrigerante no lugar do café, do chá e do aluá. Essas mudanças ocorrem também em outras localidades. Mesmo quando preparados em ambiente doméstico, os ingredientes tradicionais são, muitas vezes, substituídos por produtos industrializados, como o amido de milho, a margarina, o leite condensado e o açúcar refinado. Ingredientes como a fécula de araruta e o polvilho artesanal são cada vez mais difíceis de se encontrar e foram os primeiros a “desaparecer” das receitas. O leite condensado ganhou lugar nas dispensas de várias casas brasileiras descaracterizando a maior parte dos doces tradicionais. A oferta de versões industrializadas desse alimento, vendidas a baixo preço, desmotiva a produção caseira e desvaloriza o produto artesanal.

Mais do que um simples biscoito doce, o sequilho representa uma tradição regional, que envolve dinâmicas sociais, nas quais são incluídos festejos, manifestações religiosas e a reunião da comunidade em torno de uma celebração por meio do alimento. 

Usos gastronômicos:


O Sequilho pode ser consumido puro, com café, chá ou aluá. Pode ser acompanhado de outros alimentos como cremes, doces, geleias, queijos e sucos. 

Indicação

Vilmar Luiz Lermen (Agricultor Agroflorestal e Meliponicultor)

Revisão

Marcelo de Podestá

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