Associação Slow Food do Brasil

Assembleia Geral virtual de 2021

A Associação Slow Food do Brasil (ASFB) é o nó da rede Slow Food Brasil guardião das marcas e programas do movimento no país. É também a figura jurídica de apoio à rede, sendo realizadora de diversos projetos e interlocutora institucional com o Slow Food Internacional e outras organizações parceiras em nível nacional.

O atual mandato (2021-2024) dá início a uma nova fase, com um novo estatuto que incorpora as mudanças da base organizacional do movimento em Comunidades Slow Food (CSF). O atual Conselho é composto por todos os associados e conselho fiscal, bem como por representantes indicados pelas CSF.

Organização

Associados Efetivos
  • Ana Maria Tomazoni
  • Anayde Lima
  • André Antivilo
  • Antonio Augusto Mendes dos Santos
  • Caio Dorigon
  • Carlos Demeterco
  • Catarina Gelsleuchter
  • Elaine Diniz
  • Fernando Rangel
  • Gabriela Bonilha
  • Gabriella Pieroni
  • Georges Schnyder
  • Giselle Miotto
  • Glenn Makuta
  • Jean Marconi de Oliveira Carvalho
  • Jerônimo Villas-Bôas
  • José Guedes
  • Ligia Meneguello
  • Luis Carrazza
  • Marcelo de Podestá
  • Maria Conceição Oliveira
  • Marina Vianna
  • Maurício Fonseca
  • Mayk Arruda
  • Pedro Xavier da Silva
  • Rafael Rioja
Associados Beneméritos
  • Ana Tomazoni
  • Carlo Petrini
  • Cenia Salles
  • Georges Schnyder
  • Humberto Oliveira
  • Margarida Nogueira
Conselho Fiscal
  • Fernando Rangel
  • Gabriel Menezes
  • Jerônimo Villa-Bôas
Diretoria
  • Antônio Augusto Mendes dos Santos
  • Gabriella Pieroni
  • Maria Conceição Oliveira (Presidenta)

Núcleo Gestor
  • Elaine Diniz | Administrativo-Financeiro
  • Glenn Makuta | Articulação de Rede e Comunicação Interna
  • Ligia Meneguello | Programas e Conteúdos
  • Pedro Xavier | Parcerias Institucionais e Mobilização de Recursos

Representantes das Comunidades Slow Food no Conselho Consultivo

Breve Histórico

Um pouco da história da ASFB

Em 2009 o Slow Food São Paulo constituiu o Instituto Convivium Slow Food São Paulo no intuito de se estruturar e possibilitar a captação de recursos para suas atividades. Essa estrutura se manteve até o ano de 2013, quando se definiu pela criação de uma associação nacional que viria a ser a ASFB.

No primeiro mandato (2013-2017) a ASFB foi articulada pela delegação brasileira presente no Congresso Slow Food ocorrida em 2012, onde foram escolhidos aqueles que viriam a ser o então Conselho Consultivo com representantes de temas que o movimento tratava, constituindo se da seguinte forma: Agroecologia e Agricultura Urbana (Marcos José de Abreu), Biodiversidade e Educação (Marina Vianna), Ecogastronomia (Margarida Nogueira), Gastronomia Social (David Hertz), Indígenas e Comunidades Tradicionais (Maurício Fonseca), Jovens (Caio Dorigon) e Líderes (Cenia Salles). Além do Conselho Fiscal (Rodrigo Cotrim e Sidney Latorre) e da Diretoria (Georges Schnyder).

O segundo mandato (2017-2021), se inicia numa perspectiva bem diferente, ao buscar a representatividade da rede na organização, de forma que o quadro de associados era composto por representantes dos nós da rede (Convívios, Comunidades do Alimento, Grupos de Trabalho, Rede Jovem e Slow Food Internacional), que por sua vez votava nos cargos eletivos (Conselho Consultivo, Conselho Fiscal e Diretoria). Foi durante este mandato que foram realizados diversos projetos, incluindo o encontro das comunidades da rede Slow Food Brasil, o Terra Madre Brasil 2020, que teve que ser virtual por conta da pandemia do novo coronavírus.

O atual mandato (2021-2024) incorpora as mudanças organizacionais do movimento, que passa a se estruturar em Comunidades Slow Food, e também busca uma outra estrutura de interface com a rede, que passa a integrar o Conselho Consultivo. Este Conselho, por sua vez, é integrada por todos os associados assim como por um representante de cada Comunidade Slow Food.

Transparência e Governança

Documentos

  • Balanço Patrimonial 2021 > pdf
  • Relatório Financeiro 2021 > pdf
  • Relatório e Planejamento de Atividades 2021/2022 > pdf
  • Estatuto > pdf
  • Uso da Marca > pdf
  • Diretrizes de Captação de Recursos > pdf

Confira as últimas notícias e atividades

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Políticas públicas para povos e comunidades tradicionais no Acre: atuação com o povo Puyanawa e Huni Kui

Na primeira semana de janeiro de 2023, a equipe de consultoras do projeto Sociobiodiversidade Amazônica, da Associação Slow Food do Brasil, esteve presente nas Terras Indígenas Puyanawa e Colônia 27, nos municípios de Mâncio Lima e Tarauacá, respectivamente. A motivação destas atividades de campo são as chamadas públicas para a alimentação escolar indígena para as escolas estaduais nesses territórios. Em Mâncio Lima o edital já está publicado pela Secretaria de Estado de Educação, Cultura e Esporte do Estado do Acre (SEE-AC) ( número 005/2022), e a chamada para as escolas em Tarauacá ainda aguarda publicação. A escola indígena na TI Puyanawa é a Ixubay Rabui Puyanawa e conta com 228 estudantes. Além desta, há outras seis escolas estaduais em TIs em Mâncio Lima: três na TI Nawa do Novo Recreio e três na TI Nukini.

Consultoras da Slow Food na Terra Indígena Colônia 27.
Produtores indígenas da Terra Indíugena Colônia 27.

As atividades em campo apresentaram o movimento Slow Food e seus métodos de trabalho e buscou dialogar com os produtores e produtoras sobre o edital lançado e o que ainda deve ser lançado em Tarauacá. Com os Puyanawas, a atividade teve encaminhamentos mais práticos, tendo em vista que o edital está em vigência, pois foi lançado no final de dezembro de 2022. Alguns destes produtores e produtoras já têm participado de editais e a associação local (Associação Agroextrativista Poyanawa do Barão e Ipiranga – AAPBI) tem desempenhado importante protagonismo. Com isso, nossas consultoras, Thaís de Azevedo e Jamylena Souza, deram sequência nas atividades, contextualizando o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), a chamada pública vigente e a capacitação para a elaboração dos projetos de venda.

Este edital em vigência possui 23 produtos para entrega pelos produtores e produtoras: abacaxi, abóbora regional, alface, arroz regional, bananas nativa, da terra e maçã, batata doce, cebolinha, coentro, colorau/urucum, cupuaçu, farinha de mandioca, farinha de tapioca, feijão carioca ou regional, graviola, limão regional, mamão, macaxeira, melancia, milho de canjica e milho verde, e pimenta de cheiro. Apesar da Nota Técnica nº 06/2020 permitir, lamentamos o fato que proteínas animal, como peixe, frango caipira, ovos, entre outros, não estejam presentes no edital.

Ixubay Rabui Puyanawa, Terra Indígena Puyanawa.
Apresentação da slow Food na Terra Indígena Puyanawa
Dinâmica de conhecimento. Produtores Puyanawas descrevendo quais alimentos produzem em seus quintais
Apresentação sobre a percepção do alimento bom, limpo e justo
Produtor@s indígenas apresentando suas reflexões sobre o que são alimentos bons, limpos e justos para todos.

Um dos pontos de discussão com os indígenas foi a inclusão de outros produtos que fazem parte do hábito alimentar local e que não estão presentes neste edital. Nossas consultoras puderam perceber esse potencial ao visitarem as propriedades e conhecerem um pouco mais da diversidade produtiva local. Sabemos das dificuldades do lançamento de um edital específico que contemple a diversidade alimentar dos muitos povos indígenas e comunidades tradicionais e que resulte na correta inclusão dessa ampla gama de alimentos. Desde já, estamos dispostos a contribuir no aprimoramento das políticas públicas e torná-las cada vez mais condizentes com estes ricos territórios.

Como resultado dessa ida a campo, tivemos a elaboração de 11 projetos de venda com os produtores e produtoras puyanawas para serem apresentados no dia da entrega da documentação do edital. Junto a isso, nossa equipe pôde conferir a situação da documentação desses/as produtores/as, principalmente no que se refere às DAPs. Temos nos deparado com uma situação complexa de transição para emissão do Cadastro da Agricultura Familiar (CAF), o qual muitos produtores/as não estão conseguindo acessar.

Casa de farinha na TI Puyanawa.
Casa de farinha na TI Puyanawa.
Casa de farinha na TI Puyanawa.

Além desse edital para Mâncio Lima, há outros dois editais abertos para as escolas estaduais em Cruzeiro do Sul e Assis Brasil. Para isso, a Comissão de Alimentos Tradicionais dos Povos do Acre (Catrapoacre) tem se articulado em prestar apoio aos produtores e produtoras indígenas para que consigam emitir as documentações necessárias e se inscreverem nas chamadas. Nesse sentido, se destacam a atuação da EMATER, SEE-AC, Funai, GIZ, Secretaria de Estado de Produção e Agronegócio (SEPA), entre outras instituições.

O fechamento desta publicação aconteceu próximo as entregas dos projetos de vendas e demais documentos para inscrição dos produtores e produtoras indígenas nos referidos editais. Com isso, graças a articulação da Catrapoacre e das instituições envolvidas, foi possível realizar a inscrição de 58 produtores/as nestas chamadas públicas: 30 em Assis Brasil, 25 em Mâncio Lima e 3 em Cruzeiro do Sul. É uma grande vitória para esta articulação e o Slow Food Brasil celebra esta conquista!

Visita aos quintais agroflorestais
Intervalo da oficina para o almoço.

Por fim, duas semanas após o retorno desse campo, tivemos a triste notícia do falecimento da Thaís de Azevedo, que foi acometida por uma infecção pulmonar assintomática. Thaís vinha desempenhando um importante papel dentro da Catrapoacre, assim como em diversos outros espaços vinculados às políticas públicas para agricultura familiar no Acre. Thaís vinha colaborando com este projeto do Slow Food e lamentamos muito sua partida. Desejamos força aos amigos, amigas e familiares.

A Associação Slow Food do Brasil estabeleceu uma parceria para o desenvolvimento do projeto Sociobiodiversidade Amazônica com o projeto Bioeconomia e Cadeias de Valor, desenvolvido no âmbito da Cooperação Brasil-Alemanha para o Desenvolvimento Sustentável, por meio da parceria entre o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e a Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH, com apoio do Ministério Federal da Cooperação Econômica e do Desenvolvimento (BMZ) da Alemanha. Este projeto acontece nos estados do Amazonas, Acre e Pará ao longo de 2022 e 2023.

Políticas públicas para povos e comunidades tradicionais no Acre: atuação com o povo Puyanawa e Huni Kui

Na primeira semana de janeiro de 2023, a equipe de consultoras do projeto Sociobiodiversidade Amazônica, da Associação Slow Food do Brasil, esteve presente nas Terras Indígenas Puyanawa e Colônia 27, nos municípios de Mâncio Lima e Tarauacá, respectivamente. A motivação destas atividades de campo são as chamadas públicas para a alimentação escolar…

Infográficos do projeto Sociobio Baiana

Dentro do projeto Slow Food na defesa da Sociobiodiversidade e da Cultura Alimentar Baiana, elaboramos uma série de 10 infográficos abordando uma série de temas e ferramentas para facilitar o entendimento da atuação do movimento Slow Food em nosso país. São 10 infográficos com os seguintes temas: – Catálogos Slow Food- O…

Manifestação contra crédito da IFC para Louis Dreyfus Company do Brasil para expansão de soja e milho no Cerrado

Slow Food Brasil se une a mais de 225 outras organizações em carta conjunta direcionada aos diretores da IFC (Corporação Financeira Internacional, na sigla em inglês, ligada ao Banco Mundial) para votarem NÃO sobre crédito de 200 milhões de dólares a Louis Dreyfus Company (LDC), uma das maiores corporações do agronegócio no mundo, agravando ainda mais a devastação e os conflitos de terras no Cerrado brasileiro.

A carta originalmente publicada pela Friends of the Earth, está disponível em inglês, espanhol e português.

Leia a versão em português da carta na íntegra:

31 de maio de 2022


Prezados Diretores Executivos da IFC,


A IFC propôs empréstimos à Louis Dreyfus Company Brasil para apoiar a compra de soja e milho: Projeto 44281 As organizações abaixo assinadas instam a IFC a não conceder o empréstimo proposto de US$200 milhões à Louis Dreyfus Company Brasil (LDC) para a compra de soja e milho produzidos no bioma do Cerrado do Brasil, a savana mais biodiversa do mundo que está sendo fortemente ameaçada e já perdeu a metade de sua vegetação nativa para o agronegócio.

Acreditamos que este investimento, que causa riscos ambientais e sociais significativos, deve, no mínimo, ser classificado como um empréstimo de Categoria A, requerendo uma revisão detalhada do impacto ambiental e uma consulta às partes interessadas. Observamos com receio que a LDC não possui um sistema completo de rastreabilidade e que sua política de desmatamento zero será aplicada totalmente apenas até o final de 2025. Assim, ganha relevância a importância de ter uma análise ambiental e social mais aprofundada antes da consideração do empréstimo. Além disso, este financiamento proposto vai contra o apoio prometido da IFC para alinhar seus empréstimos com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e o Acordo de Paris.

Nossas preocupações surgem em três diferentes áreas:

● Violações de direitos humanos e conflitos de terras na região onde opera a LDC;

● A produção de monoculturas de soja e milho com agrotóxicos intensivos é uma das principais causas do desmatamento, impacto climático e degradação ambiental no Cerrado;

● Em vez de alimentar diretamente as pessoas, grande parte da soja e do milho comprados com a ajuda desse empréstimo provavelmente será usada para alimentar a criação industrial de animais no exterior e no Brasil, apesar dos principais impactos à saúde pública, meio ambiente e bem-estar animal decorrentes dessa prática.

  1. A intensa expansão da produção de monocultura de soja e a consequente especulação de terras no Cerrado durante os últimos anos tem produzido violações aos direitos humanos, incluindo trabalho infantil/trabalho forçado, grilagem de terras e conflitos de terras em comunidades indígenas e tradicionais.

    • Um relatório próximo a ser publicado por uma organização brasileira de pesquisa documentou violações ambientais e conflitos de terras com comunidades tradicionais vinculados às operações da LDC na região de Matopiba, no Cerrado.

    • Um relatório publicado em abril de 2022 por Amigos da Terra Estados Unidos e a Rede Social de Justiça e Direitos Humanos destaca os principais problemas envolvidos na produção de soja no Cerrado Brasileiro. A inflação dos preços da terra, a destruição de ecossistemas de alta biodiversidade e a apropriação de terras, incluindo a expropriação da terras de indígenas e camponeses, são alguns dos problemas destacados, forçando a estas comunidades a migrar a outras regiões para buscar trabalho.

    • Uma pesquisa da Rede Social revela os vínculos entre a especulação financeira, as terras agrícolas e o desmatamento de empresas do agronegócio no Cerrado, produzindo impactos devastadores nas comunidades locais e na biodiversidade. Este artigo de Chain Reaction Research documenta como a BrasilAgro, uma empresa imobiliária rural brasileira e produtora de soja que vende este cereal e milho a grandes comerciantes de commodities, incluindo a LDC, “planeja transformar pelo menos 10.000 hectares de vegetação nativa do Cerrado em produção pecuária e de grãos, inclusive com a perfuração de vários poços de grande capacidade”.

    • A LDC foi acusada de violações ambientais em um relatório lançado em 2022 pela ACT. O documento revela casos de abuso no uso de agrotóxicos em Lagoa da Prata, no estado de Minas Gerais, bem como danos ecossistêmicos em Rio Brilhante, no Mato Grosso do Sul, envolvendo a comunidade guarani Kaiowá de Laranjeira Nhanderú.

    • Este projeto não leva em consideração as preocupações das comunidades e dos atores comunitários afetados, em uma região problemática que apresenta significativos conflitos de terra, desafios ambientais, de saúde humana e de direitos trabalhistas. No site da IFC não consta nenhuma informação sobre o envolvimento específico dos atores comunitários no projeto e indica que não é aplicável a este projeto um “amplo apoio da comunidade”.

    • A LDC é um grande investidor da Ferrogrão, uma ferrovia proposta para facilitar as exportações de soja e outros produtos do agronegócio no Brasil. A LDC não apenas financiou os estudos de viabilidade originais, mas conceituou o projeto. Ferrogrão exacerbará os já tensos conflitos pela terra com as comunidades indígenas, particularmente com os povos Munduruku, Apyacá e Kayabi. O projeto considera a construção de uma ponte sobre o rio Xingu para projetar uma rodovia que “atravessaria 80 quilômetros dentro do território do povo Kayapó (na terra indígena Capoto Jarina) e da terra indígena Xingu” e “cortaria de leste a oeste 26 milhões de hectares de floresta contínua entre os estados de Mato Grosso e Pará, abrangendo 21 terras indígenas e nove unidades de conservação.”
  2. A produção de monoculturas soja com aplicação intensiva de agrotóxicos no Cerrado é uma das principais causas do desmatamento, efeito estufa e degradação ambiental

    • Segundo um relatório da Chain Reaction Research, os produtores de soja, incluindo os que trabalham com a LDC, foram responsáveis por 28% dos mais de 700.000 hectares do total de terras desmatadas no Cerrado em 2020. O documento identifica mais de 20.000 hectares de terra expostas ao risco de desmatamento da LDC.

    • site da IFC afirma que as operações de soja/milho da LDC Brasil “estão localizadas nas principais áreas de produção, longe das atuais fronteiras principais da expansão agrícola que estão causando a conversão natural do habitat.” No entanto, consideramos que o sistema de auditoria proposto pela LDC é insuficiente para garantir que terras recentemente desmatadas sejam excluídas da cadeia de suprimentos da empresa, sendo que em 2020 um total de 207.813 hectares da superfície desmatada no Cerrado encontrava-se em fazendas que já possuem áreas plantadas de soja.

    • Uma pesquisa publicada no Rapid Response Monitoring System mostra que a Calyx Agro, subsidiária da LDC, esteve implicada em casos de desmatamento e incêndios florestais na Fazenda Esplendor e na Fazenda Novo México, em Jaborandi, no estado da Bahia, desmatando 3.737 hectares entre 14 de fevereiro de 2020 e 29 de maio de 2020. Posteriormente, a NASA detectou incêndios nas fazendas em 3 de julho de 2020.

    • Nos últimos cinco anos, 76% da expansão da fronteira agrícola no Cerrado aconteceu em áreas onde anteriormente existia vegetação nativa única, mas atualmente foram desmatadas para plantação de monoculturas industriais de soja. O apoio financeiro a este projeto indiretamente tolera e apoia os impactos devastadores dessa prática extrativista.

    • investimento da LDC na Ferrogrão aumentará o desmatamento na Amazônia e facilitará a expansão da produção brasileira de soja através de novos meios de transporte voltados para a entrega de alimentos em fazendas industriais insustentáveis em outros países.

    • As referências bibliográficas científicas reconhecem amplamente que a produção de monoculturas com agrotóxicos intensivos é prejudicial para os solos, a água e a biodiversidade, recursos fundamentais para o desenvolvimento da agricultura e a produção de alimentos suficientes para as gerações futuras.

    • Devido aos diversos impactos na saúde humana e no meio ambiente, conforme documentado neste detalhado relatório do governo alemão, a produção de vastas monoculturas de soja contraria muitos dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, incluindo o ODS 1, 6, 13 e 15.

    • relatório Perspectiva global do uso da terra 2, publicado em abril de 2022 pela Convenção das Nações Unidas para o Combate à Desertificação (UNCCD), identifica as “monoculturas intensivas em larga escala” como um elemento-chave na geração de emissões de gases de efeito estufa. Este relatório do governo alemão documenta o significativo desmatamento e os impactos climáticos associados à produção de soja no Brasil, bem como critica a meta anual de redução de gases de efeito estufa de 1% da LDC como inteiramente insuficiente para atingir as metas de Paris de 2030.

    • Além das emissões de gases de efeito estufa, um estudo recente publicado no periódico Nature identificou que a produção de monoculturas na região do Cerrado é uma grande ameaça à estabilidade climática, produzindo escassez de água e temperaturas mais altas, que podem ser “fatores limitantes para o desenvolvimento da soja” e “podem colocar em risco a produção de alimentos e a estabilidade do bioma”.

    • uso da terra para a produção de soja pode resultar em atividades agrícolas menos lucrativas, como a pecuária, que se desloca para áreas florestais na Amazônia e no Cerrado, onde as árvores são derrubadas.
  3. Grande parte das compras de soja e milho financiadas pela IFC provavelmente será usada para alimentar animais de criação industrial no exterior e no Brasil, e não como alimento para consumo humano. Há muitas razões pelas quais a IFC não deve bancar a produção pecuária industrial, incluindo o financiamento das monoculturas de soja e milho que permitem estas operações.

    • 77% da soja mundial é usada como ração animal, principalmente no setor intensivo de suínos e aves. O financiamento de alimentos para animais em tempos de grande escassez de grãos para consumo humano direto, como será o caso esse ano, contradiz o ODS 2 de acabar com a fome.

    • Parte da produção de soja e milho da LDC pode ser usada para alimentar uma indústria pecuária
    altamente insustentável no Brasil, responsável pelo intenso desmatamento e pela metade das emissões de gases de efeito estufa no país. A pecuária industrial, incluindo a produção de matérias-primas, desencadeia a concentração da terra e o despovoamento rural, produzindo efeitos especialmente negativos para as mulheres, que são privadas de sua renda, segurança alimentar e funções tradicionais como guardiãs do conhecimento e conservacionistas.

    • A produção pecuária industrial consome 40% da produção mundial de cereais (trigo, milho, cevada), tornando de forma muito ineficiente este alimento nutritivo em carne e leite e afetando a segurança alimentar. Se os cereais usados como ração animal fossem usados para consumo humano direto, mais 3,5 bilhões de pessoas poderiam ser alimentadas a cada ano. Produzir safras comestíveis para alimentação de animais promove o uso imensamente perdulário da terra e da água

    • A enorme demanda da pecuária industrial por grãos tem alimentado a intensificação da produção agrícola. Este cenário, com o desenvolvimento de monoculturas e a utilização de agrotóxicos, tem produzido a degradação do solo, perda de biodiversidade, poluição e uso excessivo de água e poluição do ar. A Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) afirma que o alto rendimento na agricultura intensiva pode prejudicar os serviços ecossistêmicos e, portanto, ” a produção de alimentos é seriamente afetada, trazendo como resultado uma espiral descendente viciosa”. Os empréstimos propostos pela IFC contribuirão indiscutivelmente para essa espiral descendente.

    • Em condições de lotação e estresse, a produção pecuária industrial contribui para o surgimento,
    propagação e amplificação de patógenos, alguns dos quais são zoonóticos. Um estudo de 2022 afirma que “as cepas de gripe pandêmica […] podem surgir em grandes fazendas”.

    • uso regular de antibióticos destinados ao uso humano pelos produtores industriais de carne tem
    contribuído para o surgimento de uma crise de resistência a antibióticos responsável por 700.000 mortes anuais a nível mundial.

    • A produção industrial utiliza práticas desumanas (como gaiolas e caixas de gestação) e impede que os animais expressem seus comportamentos naturais.

    Em conclusão, instamos a IFC a não aprovar este pacote de empréstimos, pois perpetuaria a produção de monoculturas de soja e milho em larga escala com o uso intensivo de agrotóxicos no Brasil, promovendo:

    ❖ Especulação fundiária, causando aumento dos preços da terra e conflitos com as comunidades tradicionais;

    ❖ Aumento das emissões de gases de efeito estufa, destruição ambiental e degradação dos recursos do solo, ar e água, prejudicando a saúde humana e afetando a produção de alimentos da comunidade local;

    ❖ Desmatamento adicional e/ou desmatamento de habitat nativo dentro do Cerrado e outros biomas-chave.

    Além disso, este empréstimo apoiará o fornecimento de alimentos para animais para a produção pecuária industrial, prática ambientalmente destrutiva, em vez de destinar estes cereais para consumo humano direto num momento em que existe um consenso científico claro sobre a necessidade de: 1) Mudar para dietas de menor consumo de carne em populações com alto consumo de produtos de origem animal; e 2) Mudar para sistemas regenerativos bem gerenciados, como a agroecologia e a agricultura orgânica, sistemas alimentares que cumpram com as capacidades de carga do planeta e onde os animais de criação estejam em condições saudáveis que permitam minimizar o uso de antibióticos e o risco de zoonoses.

    Atenciosamente,

    Brasil

    Arca Brasil
    Alianima
    Amigos da Terra Brasil
    Animal Equality Brasil
    Associação Mercy For Animals Brasil
    Ecologia e Ação
    Fórum da Amazônia Oriental
    Federação de Órgãos para Assistência Social e
    Educacional
    Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal
    Instituto Comida do Amanhã
    Instituto Maíra
    Rede Social de Justiça e Direitos Humanos
    Sinergia Animal
    Slow Food Brasil
    Sociedade Vegetariana Brasileira

    Estados Unidos
    350 Seattle
    50by40
    A Growing Culture
    A Well-Fed World
    Action Aid USA
    Amazon Watch
    Agroecology Project
    Animal Legal Defense Fund
    Better Food Foundation
    Biggest Little Plant Pod
    Brighter Green
    Center for Biological Diversity
    Center for Food Safety
    Climate Healers
    Community Alliance for Global Justice
    Compassion in World Farming USA
    CT General Assembly District 146
    Direct Action Everywhere
    Eat for the Earth
    Encompass
    Endangered Species Coalition
    Factory Farming Awareness Coalition
    Fair Start Movement
    Farm Forward
    Farmworker Association of Florida
    Food Revolution Network
    Gender Action
    Healthy Kids, Happy Planet!
    In Defense of Animals
    Institute for Agriculture and Trade Policy
    Jewish Veg
    Lady Freethinker
    Lantern Publishing and Media
    Laurie M. Tisch Center for Food, Education & Policy,
    (Teachers College Columbia University)
    Maryknoll Office for Global Concerns
    Mothers of the Amazon
    Oceanic Preservation Society
    Our Planet. Theirs too.
    Reducetarian Foundation
    Planetary Health Collective
    Roots of Change
    Salish coast land and marine conservation society
    SEED: Strategies for Ethical and Environmental
    Development, Inc.
    Seeding Sovereignty
    Self
    Sentient Media
    Slow Food USA
    The Oakland Institute
    The Raven Corps
    True Health Initiative
    Vegetarians in New Energy Sources
    Vegetarian Resource Center
    Waking Justice
    Washington Brazil Office (WBO)
    Zero Hour

    América Latina
    Acción Ecológica (Ecuador)
    Asoc. Red de coordinación en biodiversidad (Costa
    Rica)
    Asociacion Arba (Peru)
    Asociación Unión de taller 11 de septiembre (Bolivia)
    Cehprodec (Honduras)
    Censat Agua Viva – Amigos de la Tierra (Colombia)
    Centro de estudios HEÑÓI (Paraguay)
    CESTA Friends of the Earth (El Salvador)
    Comité de Defensa Ambiental de Cabrero (Chile)
    Consejo de mujeres y biodiversidad (Guatemala)
    Derecho Ambiente y Recursos Naturales DAR (Peru)
    Eco embajador el Salvador centro América (El Salvador)
    Fauna Querida (Argentina)
    Fundación ASLA (Nicaragua)
    Fundacion Tremendas (Chile)
    Fridays for Future (Chile)
    Grupo Semillas (Columbia)
    Latin Association of Integral Human Settlements
    (Bolivia)
    Ecosistemas (Chile)
    Maule Itata Coastkeeper NGO (Chile)
    Proyecto Green (Chile)
    Red de Observadores Ciudadanos A.C. (Mexico)
    Red Nacional de Jóvenes de Ambiente (Colombia)
    Rio Mapacho Waterkeeper (Peru)
    Voicot (Argentina)
    UNITE 2030 Venezuelan Delegate
    Centro de Derechos Humanos Zeferino Ladrillero
    (Mexico)
    Biofabrica Organitol (Colombia)

    Reino Unido
    Catholic Agency for Overseas Development
    Compassion in World Farming International
    EcoNexus
    Environmental Justice Foundation
    Green Living
    Planet Tracker
    Recourse
    Soil Association
    The Bretton Woods Project

    Europa
    Agora Association (Turkey)
    Aktionsgemeinschaft Solidarische Welt ASW (Germany)
    Amigos de la Tierra (Spain)
    BankTrack (Netherlands)
    Bomenstichting Achterhoek (Netherlands)
    Campaigns and Activism for Animals in the Industry
    (Bulgaria)
    Center for Climate Crime Analysis (Netherlands)
    Christians for Animals (Poland)
    Climate Alliance of European Cities with Indigenous
    Rainforest Peoples (Germany)
    Corporate Europe Observatory (Belgium)
    Dyrenes Alliance (Denmark)
    Deutscher Tierschutzbund e.V. (Germany)
    Environmental Action (Germany)
    Ethical Farming Ireland CLG (Ireland)
    FIAN (Sweden)
    Forum Ökologie & Papier (Germany)
    FOUR PAWS International (Austria)
    Friends of the Earth Sweden
    Friends of the Earth Belgium
    GAIA (Belgium)
    Just Finance International (Netherlands)
    Menschen für Tierrechte – Bundesverband der
    Tierversuchsgegner e.V. (Germany)
    NOAH (Denmark)
    Nevidimi Zhivotni (Invisible Animals) (Bulgaria)
    Profundo (Netherlands)
    Public Eye (Switzerland)
    Real Food Systems.org (Switzerland)
    Rettet den Regenwald e.v. (Germany)
    Slow Food International (Italy)
    Transform!Italia (Italy)
    Uniterre (Switzerland)
    Urgewald e.V. (Germany)
    Vegan Sustainability (Ireland)
    Vegetarian Society of Denmark (Denmark)
    XR Milano (Italy)

    África
    Aalem for Orphan and Vulnerable Children, Inc.
    (Liberia)
    Abibinsroma Foundation (Ghana)
    African Centre for Biodiversity (South Africa)
    Association pour l’Integration et le Developpement
    Durable au Burundi (Burundi)
    Biowatch South Africa
    Coalition of African Animal Welfare Organisations
    (South Africa)
    Compassion in World Farming (South Africa)
    Daami Youth Development Organization (Somalia)
    Haki Nawiri Afrika (Kenya)
    Improved Right and Health Intervention for Vulnerable
    Person’s in Nigeria
    Mazingira Institute (Kenya)
    Nigerian Society for Environmental Conservation
    NGO Asrad (Mali)
    SUHODE Foundation (Tanzania)
    The Humane Education Trust (South Africa)
    Uganda Vegan Society
    Witness Radio (Uganda)
    Young African Change Makers (Cameroon)
    Zambia Climate Change

    Ásia
    All India Union of Forest Working People AIUFWP
    (India)
    Animal Rights Center (Japan)
    Animals Don’t Speak Human (Indonesia)
    Association For Promotion Sustainable Development
    (India)
    Centre for Research and Advocacy, Manipur (India)
    Community Resource Centre (Thailand)
    Environics Trust (India)
    Environment & Animal Society of Taiwan
    Environmental Protection Society (Malaysia)
    Food Sovereignty Alliance (India)
    Internacional Indigenous Peoples Movement for Selfdetermination and Liberation (Philippines)
    JPIC Kalimantan (Indonesia)
    Oyu Tolgoi Watch (Mongolia)
    Right to Food campaign (India)
    Root The Future (Thailand)
    Roots for Equity (Pakistan)
    The 14% Project (Malaysia)
    Timuay Justice and Governance (Philippines)
    Youngo (Nepal)
    Australia and New Zealand
    Animals Aotearoa (New Zealand)
    Animals Australia
    Australian Food Sovereignty Alliance
    Australian Vegetarian Society
    The Lentil Intervention (New Zealand)

    Canadá
    Animal save movement
    Greenpeace Canada
    Manitoba Animal Save
    University of British Columbia

    Internacional
    Indigenous Peoples Global Forum for Sustainable
    Development
    Inclusive Development International
    GRAIN
    Society for International Development
    Vegan International
    World Climate Council
    World Federation for Animals

    CC.
    Tomasz Telma, Senior Director, Manufacturing, Agribusiness and Services, International Finance Corporation (IFC)
    Mary Porter Peschka, Director, ESG Sustainability Advice & Solutions Department, IFC
    Tania Kaddeche, Head of Manufacturing, Agribusiness and Services (MAS), IFC
    Vivek Pathak, Global Head, Climate Business IFC

Manifestação contra crédito da IFC para Louis Dreyfus Company do Brasil para expansão de soja e milho no Cerrado

Slow Food Brasil se une a mais de 225 outras organizações em carta conjunta direcionada aos diretores da IFC pela NÃO aprovação de crédito de U$200 mi a LDC, o que agravaria ainda mais a devastação e os conflitos de terras no Cerrado brasileiro.