Projeto promove a valorização da cultura alimentar de povos indígenas no Ceará

As ações são voltadas para o fortalecimento da identidade territorial e a defesa da biodiversidade alimentar das comunidades tradicionais, fomentando o acesso democrático ao alimento bom, limpo e justo para todos.

Realizado pela Associação Slow Food do Brasil (ASFB) e o AKSAAM – Adaptando Conhecimento para a Agricultura Sustentável e o Acesso a Mercados, projeto do FIDA – Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola e a Universidade Federal de Viçosa (UFV), tem por objetivo contribuir para o desenvolvimento territorial de dois povos indígenas localizados no estado do Ceará: Tabajara do Território dos Inhamuns, no município de Quiterianópolis, e Tremembé da Barra do Mundaú, no município de Itapipoca.

Considerando o relevante papel da juventude na construção de narrativas transformadoras e regenerativas, o projeto “Território e Cultura Alimentar no Ceará” prevê o intercâmbio de experiências entre jovens rurais de diferentes territórios do estado e também da América Latina. Dessa forma, visa estimular o coletivo na identificação do potencial de suas comunidades e oportunidades de fortalecimento econômico local.

Para o articulador local do projeto, Mateus Tremembé, agricultor familiar, agente ambiental, estudante de agronomia, pesquisador da cultura alimentar e liderança do Povo Indígena Tremembé da Barra do Mundaú, “falar de cultura alimentar é falar da defesa do território e da conexão com a mãe Terra”. Nesse sentido, é a partir do reconhecimento territorial e da redescoberta de suas tradições que surgem as ferramentas necessárias para garantia da segurança alimentar e nutricional de uma população.  

As atividades serão desenvolvidas com o apoio dos projetos Paulo Freire (FIDA), São José (Banco Mundial) e a Escola de Gastronomia Social Ivens Dias Branco, utilizando-se do conceito e práticas da ecogastronomia como instrumento na gestão do conhecimento e da valorização dos saberes locais. Estão previstas ações em cinco eixos temáticos: Inclusão Produtiva (gênero e juventude, comunidades indígenas e quilombolas); Acesso a Mercados e Políticas Públicas; Meio Ambiente e Adaptação à Mudanças Climáticas; Segurança Alimentar e Nutricional.  

Intercâmbio de saberes e sabores

Em virtude da pandemia da Covid-19, a Associação Slow Food do Brasil ajustou o cronograma das ações de campo para o próximo ano, onde estão previstos momentos de integração, como oficinas e rodas de conversas, para levantar informações, sistematizar conhecimentos próprios do território e difundi-los entre os comunitários e outros povos tradicionais, e também para aquelas pessoas em busca de aprendizados e aprofundamentos sobre os temas relacionados. 

As vivências e compartilhamentos pretendem incentivar o engajamento das comunidades, atuando principalmente com jovens e mulheres na manutenção do patrimônio cultural e na valorização de sua sociobiodiversidade e de seus sistemas agroalimentares. “É muito importante trabalharmos com as mulheres e jovens agricultores, defendendo o nosso território e reafirmando a valorização da cultura alimentar do povo Tabajara desde os nossos mais velhos, partindo do reconhecimento das nossas tradições”, afirma Eleniza Tabajara, liderança indígena e articuladora local do projeto no município de Quiterianópolis, região dos Inhamuns, onde também é professora e coordenadora pedagógica da Escola Indígena Carlos Levy, na aldeia Fidelis.

Comments:

Lucia Galdino Ribeiro Ribeiro
24 de novembro de 2020

Feliz de ver a população jovem sendo chamada para o engajamento com a cultura tradicional numa visão de sustentabilidade e respeito aos bens naturais. Parabéns.

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